"Minha única função é a que Deus me deu."
"Minha felicidade e minha função são
a mesma coisa."
Estas ideias devem
servir para reforçar em nós a certeza de que não há nenhuma separação entre o
que somos e o que nos cabe fazer para cumprir nosso papel na salvação. Mais
até: para aprendermos que só podemos ser felizes cumprindo a função que Deus
nos dá. Ou que cumprir a função que Deus nos dá é a única maneira pela qual
vamos poder ser felizes.
Aliás, isto é algo que me parece bastante óbvio. Mas, como o Curso ensina, uma
das grandes dificuldades que temos é justamente a de lidar com o óbvio. Ele
muitas vezes nos parece simples demais, fácil demais, para ser a verdade a
nosso próprio respeito. Todos
dizemos que somos filhos e filhas de Deus. Quem acredita? Quem age no mundo, quem vive no mundo como se o
fosse realmente?
Não seria, de fato, muito mais fácil viver neste
mundo e passar por todas as experiências que se apresentam a nós, se
acreditássemos que só podemos ser felizes vivendo aquilo que é a Vontade de
Deus para nós? Por que será que pensamos que Deus tem para nós uma função que
não somos capazes de cumprir?
Na verdade:
Eu não tenho nenhuma função a não ser
aquela que Deus me deu.
Este reconhecimento me libera de todo conflito, porque ele significa que eu não
posso ter metas contraditórias. Com um único objetivo, estou sempre certo do
que fazer, do que dizer e do que pensar. Todas as dúvidas têm de desaparecer,
quando eu reconheço que minha única função é a que Deus me deu.
Mas:
Não lhes parece muito interessante pensar quão mais simples é viver a alegria,
mesmo neste mundo, quando vivemos a partir da certeza de que nossa função e
nossa felicidade são a mesma coisa?
Isso significa dizer que ser
feliz é cumprir a função que nos cabe na salvação. E como se faz isso?
Não se faz, como o Curso ensina, "tu não precisas fazer nada", a não
ser reconhecer que ainda és como Deus te criou e que nada do que aparentemente
vives na ilusão deste mundo que crê em uma separação que não existe pode
macular tua inocência ou tua pureza.
Isto é a mesma coisa que dizer que:
Todas as coisas que vêm de Deus são a mesma. Elas vêm da Unidade e têm de
ser recebidas como uma só. Cumprir minha função é minha felicidade porque ambas
vêm da mesma Fonte. E
eu tenho de aprender a reconhecer o que me faz feliz, se quiser achar a
felicidade.
É isto. As ideias que vamos praticar não são nada mais do que a expressão da
verdade que trazemos dentro de nós, mesmo sem reconhecê-la a maior parte do
tempo, por mais que isso possa soar estranho. Ou não lhes parece óbvio que o único papel que nos cabe no
mundo - viver e demonstrar a alegria - é aquele que nos foi dado por Deus - a primeira das ideias?
Quem dentre nós já não teve, experimentou, um vislumbre da alegria que se
apresenta a nossa experiência, quando nos sentimos plenos e completos por fazer
aquilo que representa o que somos e que se revela na extensão do amor que
dedicamos ao que fazemos? Isto é, quando nos encontramos imersos em uma paz infinita e indizível, que
advém do experimentar a profunda comunhão com tudo e todos, a que o Curso chama
de "instante santo".
Quanto à segunda delas, pode-se inferir que, a partir do que eu disse acima a
respeito da primeira, nada mais fácil de reconhecer do que a verdade eterna que
a ideia nos oferece. Pois só podemos ser felizes, quando cumprimos nossa função no mundo, seja ela
qual for.
Isso vale também, é claro, para todos e todas e para cada um e cada uma de nós,
que já passamos por experiências que nos afastaram da alegria, da felicidade e
da paz. Experiências que nos levaram a exercer um papel que não nos cabia.
Fazer alguma coisa que não fazia sentido para nós. Ou vocês não sabem do que
falo?
Daí a necessidade de voltarmos toda a atenção de que somos capazes às práticas
de forma honesta e sincera, para reconhecermos que é só na alegria que alcançamos a
expressão do divino em nós e é também apenas quando vivemos nossas experiências
no mundo a partir da alegria que estamos cumprindo a função que nos cabe no
plano de Deus para a salvação.
Um Curso em Milagres - Lição 83